Ummmmmmmmm que saudades.

Paixão Cinza

O mês de julho sempre é uma grande perturbação em minha vida, não sei se é o fato de ser o mês anterior ao meu aniversário e dizem os astrólogos que somos influenciados pelo inferno astral, enfim, não sei exatamente.
Conversávamos fogosamente em minha calçada ampla e de visão privilegiada para todos os lados da rua. Riamos, fumávamos e debatíamos sobre os homens mais belos, enquanto meu irmão se embriagava com água ardente. Ele se empanturrava com cachaça e fazia uma cara tão feia quando engolia um gole que me fez pensar em desistir de tomar pinga na minha vida.
Tudo normal e embriagado como de costume, mas não Antonio, que me olhava voraz e sedento e de supetão disse que havia algo a me dizer. Calaram-se todos à espera da novidade que em breve iria ser dita ao ouvido de todos. Mas interrompeu com um soluço de álcool que seu estomago não agüentava mais.
O tempo passava e ignorei o fato de conto novo que havia sido outrora anunciado por Antonio e fui ficando só e sem nenhum amigo pra rir e permanecer na calçada das visões em 360° enquanto meu sono não chegava.
Havia ainda algumas pessoas na rua, mas isso não impediu que tomasse de conta um ambiente bucólico e de cunho sensual. Foi o suficiente para eu entrar e ir em direção ao meu quarto. Fui seguido quase que instintivamente por ele. Entrei no quarto e ele também, uma bruma cinza cercava o ambiente, não sei se foi minha deficiência em ver que tornou griz o rosto do amante que me tocava com vigor e vontade que nunca senti antes.
Passaram-se horas e nessa nuvem permaneci e no outro dia sem entender bem o que havia acontecido e tudo volta ao normal e Antonio volatilmente volta a ser rude e sem atitudes como antes era e tudo voltou a colorir como antigamente; cores em sépia e griz haviam se tornado agora meus verdadeiros amantes.

Wellington Carneiro.