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fotos pessoais, pinturas, obras de arte no geral

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MORTE DE CORPO


MORTE DE CORPO

Assassino-me todo dia
Todo momento
Toda hora
Todo minuto
E morro porque é necessário.
Busco a morte por que nela residem as boas coisas:
A coisa homem;
A coisa prazer;
A coisa comer;
A coisa gemer.
Coisificando homens e suas sensações.

Morro por que é necessário
Suicido-me num cigarro fumado
No vinho sovado
No sexo desenfreado
Porque é necessário

A dor é preciso sentir
E quem não a suporta
E fraqueja como eu
Escreve!
Por isso morro
Porque é necessário



Para esta força avassaladora
Que a vida em si carrega
Gemo os sustenidos da voz aguda da morte
E murmuro os tons graves da vida.

Morro por que é necessário
E vivo por que me permitem

Mato-me a cada poema
Destinado a eternidade das minhas palavras
Não por presunção
Ou louvação
Mas porque são palavras
E essas não morrem como eu.

Por isso morro
Porque é necessário
Minhas palavras vivem
E ferram na carne
A marca da mascara da morte.

Porque é necessário
Eternizo minha morte como a cor deste poema
E minha vida como sua alma.

Morro devagar
Em cada linha
Em cada palavra
Em cada letra
 E sinto minha vida esvai-se em cada verso
Em cada estrofe

E não tenho como voltar atrás
Pois o abismo me foi apresentado
E como se uma pulsão invisível
Levasse-nos a pular no profundo.
Atiro-me sem medo de chegar ao fim.

O propósito do abismo
É se jogar!

Por isso morro
Porque é necessário.



Dedicado para todos os genocídios cotidianos

Senhor do mundo




Passa por mim como flecha certeira
Que zuni no meu ouvido e me tonteia
E como um sacerdote de outros tempos
Vens e discursas rotas palavras
Quem nem a ti mesmo serve.

Vais e passa por mim
E não faças morada em meu coração.
Minhas palavras não são frouxas, assim como o que sinto não se esmaece.

Corres longe de mim
Porque tu não tens morada aqui.

Recebas teu baú com seu quinhão
Que guarda as tuas máscaras
De adornos de ouro e prata
E que cobre tua lama
Que as estradas que vós
Percorrestes deixaram.

Cobre com tua bandeira gentil
Os fracos que não suportam o poder da palavra.
Porque eu as suporto e as proclamo
Alta e retumbante.

Nina em teus braços e ensinas a falar novamente
Pois não sabes mais o que dizem
Cantas teus hinos gloriosos
E aplica-lhes em suas veias a verdade incontestável
Do que foi dito,
Do que é dito
E do que ainda será dito.

Vai pátria multicor
Que brada sua natureza;
Sua gente brava
E sua leveza.
Não vês que és grave
O tom desta peleja?

É grave, pois a palavra pesa
Mais que tua flamejante bandeira
E tuas vis convicções.

Ordeno-te, oh! Fingidor de carapuça envergonhadamente dura
Enverga-se ao discurso
Ou ele te denunciará.
Tudo é voz, é palavra
E para estas, não sobram falsidades.

Corre nos teu campos verdejantes
E nas tuas matas virgens,
Pois há muito que se descobrir.
E abre tua boca
E balbucias sílabas boas.

E como um ritual sagrado
Expõe a tua língua
Instrumento de tua voz
E unge com saliva
A tua testa e tua alma.

E nesta profunda imersão
Rasga o peito fora
E grita tuas palavras sem medo
Porque elas são você
Fale!
Grite!
Assim, serás eterno no universo
Pois não há como engoli-las
Apenas regurgitá-las.

04/12/2012  12:41

O HOMEM QUE AMO




O homem que amo fala pouco
E tem rosto forte
Tem sobrancelhas sisudas e grossas
Lábios lisos e volumosos

O homem que amo age pouco
Por isso sofre.
Ele tem braços longos
E mãos com dedos cumpridos

O homem que amo não existe
Porque ele não deseja existir
Por ter medo
E por não ter pai.

O homem que amo é triste e profundo
E ele está dentro de mim todos os dias.
E eu todos os dias existo dentro dele.

E sei que ele sabe
E ele sabe que sei
Que o homem que amo existe
E espera que ele renasça nele.
E ele permanece porque sabe
Que acredito no homem que amo
E sei que ele ainda existe.

Mesmo que não fale
Que não me veja
Que não me toque.

Eu existo porque há um homem que amo
E o amo porque ele me faz homem.

04/12/2012  12:43


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