CORAÇÃO DE PEDRA
Chora dentro de mim
e soluças tuas dores
baixinho ao pé do
ouvido.
E tu tirana ira
Corres como cavalo
alado
Calçando a terra mole
do meu coração
Tornando duro o
terreno encharcado de lágrimas.
Não deixem!
Eu grito!
Eu imploro!
Não deixem que
calcifiquem seus corações
Pois o meu já é pedra
E pesa dentro do
peito.
Já não escuto suas
batidas
E nem suas pulsões.
Sinto apenas o gosto
do minério rochoso
Na garganta
Na língua
Na minha pele.
Minha alam esmaece
E meu olhar se tornou
opaco
Sem calor.
Sou eu
Estátua de ódio
De desagrados
Dos caminhos mal
fadados
Da ignorância dos
corruptos
Da frieza dos que me
transformaram
Nessa estátua
mineral.
Agora peço
Derrubem-me
E tombem a minha
cabeça fora
Como se faz numa
grande revolução contra seus ditadores.
Não deixem que reste
nem o pó
Não deixem que eu
exista
Pois se sobrar
Ao menos alguns grãos
Me reformularei
Me incorporarei
E transformarei todos
em estátua.
Eu medusa
Ordeno-te!
Destruam-me
Isto é uma ordem!