Algumas imagens...

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domingo, 28 de julho de 2013

DOMINGO, 9:00 DA MANHÃ


DOMINGO, 9:00 DA MANHÃ
 

 
Que imprópria hora testemunhas
Que malditas batidas em minha porta.
O que te importa incomodar
As pessoas que num domingo querem descansar.
Armados eles se põe em minha porta,
Cafonas de guarda-chuva na mão direita,
Bolsa de couro lustrada na esquerda,
Roupas engomadas,
Almas passadas,
Sapatos caros,
Almas baratas,
Pano passado e sinto apertado.
Toc, toc, toc...
Insistem a bater.
Puta que pariu,
A porta se abriu e tive que receber.
Paralelepípedos paralelos a mim
A ponto de serem jogados nas cabeças desses patífes.
Quanto incômodo.
Esqueçais a minha porta!
Erre meu rumo e tome outro mundo
 Para jogar suas balelas agudamente desnecessárias.
Vão lavar uma trouxa de roupas
Ou uma tenda de pratos sujos.
Talvez se ocupem em lavar vossas almas imundas,
Fétidas e com cheiro de naftalina.
Tirai suas almas desse armário empoeirado
E vão para o mundo de verdade.
O mundo real não tem cheiro de guarda-roupa.
O mundo real tem cheiro de merda,
Tem cheiro de porra,
Tem cheiro de gente,
De mendigo sem banho a dez dias.
O teu mundo é insípido e irreal,
Saia do ideal e vá para fora de si.
Meu mundo tem sal
E por isso tem gosto de gente.
Parem de me perturbar aos domingos.
Domingo é dia sagrado para mim:
É dia de me entregar as banalidades:
Assistir um pouco de TV,
Vê a cara gorda do Faustão,
Observar a peruca nova do Silvio Santos.
Olhar uns vídeos pornôs.
Ficar com o short de dormir até o outro dia.
Bater uma punheta pra despertar antes do banho
Depois dá umas voltinhas na rua.
Ah! Não faça meu domingo virá uma segunda.
Meu domingo é sagrado
E ele não inclui pregadores em minha porta.
Por isso escarneço-lhes sempre.
Saiam malditos!
Saiam hipócritas!
Saiam do meu domingo agora
Ou eu irei pregar na porta de vocês todos os domingos também.
Irei pregar Sade!
Irei pregar Hilst!
Bandeira!
Beauvoir!
Até converte-lhes nas minhas prodigiosas taras.
Deus seja louvado!
Amem!
 
Chico Carneiro.
28/07/2013
11:35 hs

sexta-feira, 26 de julho de 2013

ESTOU COM FOME


ESTOU COM FOME

 

Sinto fome!
Passo entre vielas, becos e esquinas.
Os olhos rastreiam as mais finas
Possibilidades de me satisfazer
E para a alma procurar dá o que comer.
 
Eu encontro velhas que se benzem
 Com o terço na mão,
Mastigo-lhes os dedos que trazem
A morte e a condenação.
 
Sinto fome...
 
Tenho fome de comer...
De comer gente,
De comer cabeças,
Pensamentos,
Corpos,
Corpus nus,
Bucetas,
Caralhos,
Cus...
Muitos cus
E as fezes...
Estou com fome.
 
Tenho fome de alma humana.
Minha barriga está vazia
Quando como um crente.
Logo me dá azia!
Se como um católico
Logo me vem um soluço
E me incha o bucho!
 
Tenho fome da alma humana.
Minha barriga está vazia.
Quando como uma televisão
Logo me dá uma congestão.
Se como alguma poesia,
Logo me causa agonia.
 
Tenho fome da alma humana.
Minha barriga está vazia.
Quando como uma puta.
A sociedade me amputa.
Se como um viado.
Eu sou vaiado.
Se como uma dama
Me colocam na lama.
Se como uma criança,
O mundo não tem mais esperança.
Socorro! Alguém me dê o que comer.
Peço-lhe um pouco de pão...
Pão da vida transfigurado no tabernáculo.
Esse pão não é o corpo de Cristo.
Quero outro corpo
Eu quero o corpo do homem...
Com todas suas misérias, com todas as suas chagas,
Com todas as suas glorias, seus gozos,
Seus prazeres, sua merda, sua dor,
Sua podridão, seus pecados, suas fodas,
Suas angustias, seus medos, sua solidão.
Quero comer todos os homens da terra
E quero ser comido por todos eles.
Praticarei o mais requintado canibalismo humano.
Mastigarei pedaços miúdos
E farei o maior banquete desde a santa ceia.
Comerei traidores, pescadores, cobradores de impostos,
Incrédulos, prostitutas, viados e toda sorte de gente.
Saciarei minha fome comendo tudo o que a humanidade me oferece.
Serei a maior boca do mundo e me tornarei
Todos os que engoli.
Depois darei um grande arroto em forma de poesia
E ascenderei ao paraíso e sentarei a direita de meu pai.
Olharei de cima para baixo,
Irei digerir tudo.
Defecarei lá de cima em todos vocês
E deixarei que experimente o que é a verdadeira merda do mundo.
 
Chico Carneiro
26/07/2013
12:30

quinta-feira, 25 de julho de 2013


O Crime do Largo do Theberg
 
 

 Já passavam das 00:00 horas quando ele caminhava pelo largo do Theberg sozinho com seus pensamentos. De repente ouviu-se um assovio provindo das sombras que um velho casarão declinava sobre o beco da antiga casa de câmara e cadeia da cidadezinha de Icó. Ele virou-se. Os estampidos foram secos e luminosos e o silencioso largo foi acordado com gritos: --- Socorro! Socorro!

Ele era um rapaz no mínimo intrigante para aquela pequenina cidade. Já havia ouvido da boca de seus familiares que esta terra era minúscula demais para tanta ousadia. Ousadia essa que despertava não somente a inveja de alguns, bem como intumescia o pau de muitos ditosos homens de lá.

Assim, continuava ele a desafiar os bons costumes e a moral daquela provinciana cidade com seu jeito espalhafatoso, agudo de ser. Era culto e escrevia sem medo. Atormentava a todos que freneticamente tentavam esconde-se nas primorosas missas das 17 horas na igreja da matriz todas as sextas-feiras. Os malditos defensores da moral e dos bons costumes não sabia o que estavam a fazer. Uma nova inquisição se instaurava em pleno século XXI contra Almeidinha.

Todo o dia Almeida produzia mais e mais. Cada vez que se armava de sua caneta, os corações tamborilavam de expectativas para ver as maliciosas produções provindas daquela cabeça absurdamente pervertida aos olhos dos farisaicos icoenses.

De vez por outra, o Almeidinha, assim carinhosamente chamado por seus familiares, produzia algo menos abominável. Umas poesias perdidas de amor, outras sobre política, mas era do corpo que ele visceralmente gostava de falar.

Ele falava sem pudores, sem medo e isso despertava tanto a ira como o tesão em muitos papa-hóstias da cidade. Até que um confronto se desvelou, saindo das banais futricas das calçadas para se tornar um embate pessoal. Quase uma guerra.

Falo-vos de um ditoso advogado daquela famigerada cidade. O Dr. Fausto era homem polido, de formação burilada e pragmaticamente cristã. Trazia-lhe no semblante uma tristeza descomunal, profunda, quase que doentia, fruto de uma vida ditada pela cristandade. Observava-se nos olhos dele uma ânsia por liberdade, por ser ele mesmo, de deixar-se de ser mais um fantoche produzido em série. Isto é um mal comumente observado nas pessoas cerceadas pela religião. Era uma bomba prestes a explodir e os estilhaços feririam qualquer um que atravessasse o seu caminho. Infelizmente o Almeidinha atravessa o largo quando o bacharel explodiu.

Era ele um severo defensor da família e dos costumes cristão até a aparição de Almeidinha. Trocavam farpas diariamente através de seus escritos, que eram lidos por uma massa cada vez maior de admiradores. O próprio Fausto não dormia pensando no dia seguinte para ver as outras produções do escritor libertino. A tara do advogado chegou a ponto de passar oito horas seguidas em frente ao computador esperando a publicação dos excitantes e horrendos poemas.

Nunca os dois haviam se visto, mas cada vez que o jovem escritor lançava seus poemas era como se uma saraivada de mísseis fosse expelida das suas poesias e a retaliação sempre vinha. O Dr. Fausto manifestava-se fervorosamente.

Transpareciam nas criticas mais do que aversão aos escritos, transpareciam ódio e desejo. Sentimentos que foram o combustível necessário para a fatídica morte de Almeida.

Dr. Fausto sempre espreitava as idas e vindas do jovem escritor e apenas isso não bastava mais para saciar a sede dele. Queria mais. O desejo tornou-se doentio, desvairado e insano. Sempre que ele ouvia o nome de Almeidinha tremia-lhe o corpo inteiro. O ódio dava-lhe mais tesão. Não sabia como lidar com esses sentimentos. Então, passou-lhe num lampejo de pensamento uma forma de resolver o problema: deveria conversar pessoalmente com Almeida.

Assim o fez. Dr. Fausto: entrou em contato com Almeida e ambos concordaram em conversar. O encontro se deu numa praça. Eram dez da noite e poucas pessoas passavam pela rua quando Almeidinha despontou em frente a praça. Lá já se encontrava Dr. Fausto que balançava a perna incessantemente. Quando avistou o rapazote sentiu um friume na barriga. Não sabia se era ódio ou tesão.

--- Boa noite! --- Disse Almeidinha.

E rapidamente a boca de Dr. Fausto se abriu em disparada e jorrou-lhe uma infinitude de desejos reprimidos.

--- Tenho tesão em você. Quero chupá-lo. Dá pra você...

Almeidinha embasbacado com a situação soltou-lhes as mãos que agarravam ferozmente o seu quadril e disse-lhe que não estava entendendo o ocorrido.

Rapidamente, o ilustríssimo advogado se recobrou do que havia dito e num salto do banco da praça disse em tom de ira:

--- Esqueça tudo o que eu disse. Seu invertido. Esqueça tudo isso ou eu...

Ele saiu andando rapidamente até sumir na esquina.

Almeidinha encarou a situação como um acontecimento estranho e que lhe renderia no mínimo uma boa lorota entre amigos. Mas a mente perturbada do Dr. Fausto não parava de maquinar uma forma de destruí o fatídico acontecimento. Ele sentia-se na mão daquele jovem permissivo.

 23:45 e Almeidinha voltava da casa de alguns amigos. Passava horas conversando sobre poesia e filosofia. A casa era bem perto do Largo do Theberg e não representava perigo algum chegar tão tarde em casa, Icó era pacata.

Mas nesse dia, perdeu-se o ar soturno dessa cidade. Almeidinha deixou a casa dos amigos. Passava pelos seculares tamarindeiros quando se sentiu observado por alguém. Ele olhou para os lados e continuou sua caminhada em direção ao largo.

Passo adiante ele decide parar num dos bancos da praça. Acendeu um cigarro. Adorava esperar a virada da madrugada tragando um cigarro. Almeidinha deu uns tragos e ouvi alguns gemidos estranhos, quase que grunhidos. Sentiu receio, mas permaneceu quieto e tentando descobrir de onde provinha aqueles tenebrosos sons.

--- Eu só queria atenção e um pouco de prazer nessa minha vida miserável...

Almeida ouviu claramente essa frase e percebeu que saíra do beco entre a cadeia antiga e um casarão secular.

O jovem destemido olhava profundamente para a escuridão do beco e não temia os murmúrios que cada vez ficavam mais forte. Ele caminhou alguns passos cautelosamente. Viu uma movimentação estranha e conseguiu ver a silhueta de um homem declinado na parede.

Ele se aproxima para oferecer ajuda.

Almeida tremeu-se inteiramente, pois era o doentio advogado que se encontrava com seu membro de fora, masturbando-se e proferindo palavras de desejo.

Fausto esticou a mão em direção do jovem como se quisesse possuí-lo.

--- Calma Dr. Fausto. Eu vou lhe ajudar.

O ditoso Dr. Fausto já não existia. Ele se encontrava na sarjeta de si mesmo. Almeidinha era o seu ideal de pessoa. Ele queira ser Almeidinha.

--- Sai daqui, não quero pessoas imundas me tocando. Disse o insano advogado.

Almeidinha se afastou temeroso ao ver os olhos profundos e arroxeados do pobre homem. Seu rosto manifestava a mais profunda insanidade num homem. Seu falo estava ereto e cabelos assanhados. Seus lábios ressequidos descamavam como pele de serpente. Ele apontava a língua enquanto falava como se quisesse lamber Almeidinha.

--- Deixe-me ajudá-lo. Insistiu Almeida.

--- Saia daqui...

Almeida sai caminhado em direção a luz do poste e olha para os lados para pedir ajuda.

Ele escuta um assovio:

--- Psiuuuuuuuu!

Sentiu que era o Dr. Fausto e pensou: --- Vai aceita a ajuda!

Ao virar-se foi alvejado com um tiro certeiro.

Ele cai morto no chão.

Escuta-se outro estampido e Dr. Fausto também cai morto.

Nunca mais se escreveu nada naquela cidade.

 

Chico Carneiro

24/07/2013

domingo, 21 de julho de 2013

O CU

O CU



De todas as inspirações,
Entre todas as aspirações
Eu vos falo de um orifício
Que há muito tempo o tenho como ofício.

O cu que é um botão em flor
É necessário nas artes do amor
E necessário para uma boa vida
Pois esvazia as merdas das nossas tripas.

De uma vez por outra quando lembramos
Sentimos seus espasmos já anunciando
Uma cagada pronta para chegar
Ou uma boa lambida levar.

Se o lambes, causa em nós prazer infinito.
Penetra-lo, então, é gozo permitido.
Na Roma antiga era homem quem comia
E muito mais quem dava.

Hoje o cu é mais que cu...

O cu é o coelho na cartola da mulher menstruada,
 Satisfaz seu amante e evita a gozada
Que emprenha e a torna descartada
Dos homens que acham que comer um cu
É a suprema leitada!

Hoje o cu é mais que cu...

O cu é maravilhosamente democrático
Pois não há pobre que não tenha ao menos um
E rico que tenha quatro.

Todos nós temos um cu e o cu é o nosso elo
Para toda cagada lembrarmos o selo
Que irá nos carimbar
Quando a morte chegar.

Seremos todos bostas provindas do cu de Deus.
Bosta sacralizada e imunda
Saída da iluminada bunda
Do Deus que tem cu também.

Não é para menos que vivamos todos desse modo ridículo
Excluindo pessoas, escolhendo ritos...
Somos a merda do Deus perverso
Saída do maior cu do universo

Hoje o cu é mais que cu

Sinta seu cu e aprenda a ser mais humano
Todos nós somos bosta do mesmo penico.

Chico Carneiro
21/07/2013

19:31 hs... 

sábado, 13 de julho de 2013

DESENQUADRADO

DESENQUADRADO

Fôrmas, formatos, quadrados,
Triângulos, retângulos
Círculos e cones.
Todos ao meu molde
Ao meu modo
Ao meu medo...
Se enquadrando nos quadrados ditos
Dos modos que o medo dita.
Temos que seguir reto,
Se não quisermos a dúvida das curvas,
Nunca se sabe o que nos aguarda no final dela.
Prefiro os formatos disformes
Sem linha, sem fronteira, sem medo.
As aberrações geométricas me atraem
Assim como o abismo atrai os suicidas.
Quando miro uma curva na minha vida
Acelero o passo, anseio pelo vislumbre
Da surpresa que me aguarda.
Não me enquadro nos ditames desse tempo!
Então, qual será a minha época, o meu tempo?

Wellington Carneiro
29/05/2013

13:58 hs... 

ONÍRICO

ONÍRICO

Para muitas idas e vindas
 da vida em movimento
E das coisas da vida,
Das pessoas da minha vida,
Dos livros da minha vida,
Dos homens da minha vida,
Me resta uma angustia no peito,
Um friúme na barriga,
Um olhar marejado,
Um caminho a ser seguido
E que é escuro por não saber aonde vai dá.
O Tempo, que é amiga inquietação,
Combinaram juntos sobre as coisas da minha vida
E decidem de uma vez por outra
Brincar de marionete como meu espetáculo particular.
Apresentam-me pessoas, amores, dores e situações.
Que propositadamente não estão sob meu controle.
Daí eu percebo as gargalhadas incessantes do senhor do mundo: o tempo.
Ele ri das minhas burrices, dos meus pileques,
Das minhas loucuras, dos meus discursos, dos meus amores tolos
E depois junta tudo isso
 ele me apresenta como um filme retro nos meus sonhos acordados.
Vislumbro situações, fodas, a minha casa, a minha geladeira e o meu sofá.
No dia seguinte, acordo ainda entusiasmado com o devaneio
E no segundo seguinte o Tempo me joga um balde de água gélida.
Ele diz: Acorda menino sonhador, ainda falta muito até você chegar no final da estrada.
Até lá, o que me conforta são as madrugadas embaladas pela ilusão de Gaya
 E as minhas poesias cheias de realização não concluídas!

Chico Carneiro
08/07/2013

11:29 hs...

ANDARILHO DAS RUAS

ANDARILHO DAS RUAS

Ando por ai de vez em quando
Procurando pelo o que não sei,
Pelo o que não encontrei,
Por aquilo que sempre busco
Incansavelmente...
Eu busco...
E ando, por muitas horas por ai,
Sabe lá deus por onde.
E procuro a mim,
E me perco nas esquinas de mim mesmo
Dobro uma rua, vejo meu rosto desfigurado,
Sem forma,
Sem cor e apenas com dor.
Dor de não saber quem sou,
Onde estou,
Para onde vou,
Dor de voltar pra casa e ver a porta fechada.
Na rua seguinte, a poucos passos,
Me encontro numa calçada
Deitado ao chão
Com pernas estiradas, coração em trapos,
Pernas cansada da caminhada e os olhos marejados de tristeza.
A dor que me corroi e me deixa ser rua.
Sou então rua, onde todos passam, pisam, e não me notam.
Apenas passam,
Sou cada pedra calçada na urbe da vida,
Sou a chuva que molha a rua,
Sou luz soturna dos postes languidos,
Sou o vento frio que assovia,
Sou a prostitua da esquina com seu cigarro aceso,
Sou o ladrão que assola a meia noite,
Sou o grilo que incomoda,
Sou a chuva que cai,
Sou o bicho que espreita.
Espreito por um olhar de atenção,
Por isso eu vago na rua completamente sem alma,
Só o corpo.
Então chego em casa e a fechadura faz barulho ao abrir,
Abre-se a porta e me sinto incomodamente estranho ao entrar na minha casa.
Deito na cama e tento refazer meu itinerário
E vejo apenas um caminho:
O da solidão das ruas que caminhei,
Da vida que escolhi,
Dos homens que desejei,
Das mulheres que encontrei
E da incrível estrada que irei percorrer,
Até chegar lá, me resta apenas uma coisa,
Caminhar mais em busca de mim mesmo
E para essa estrada mais longa me resta um poema mais longo ainda.
PARA CARLOS DIAS


Chico Carneiro.
04/07/2013
23:53 hs


RASO

RASO

Raso como copo d’água
Encontro alguns sentimentos perdidos
Boiando na margem do vidro
A ponto de pular...
Então mergulho os dedos dentro do copo,
Espero a água transbordar...
Umedeço minha fronte, misturam-se as minhas lágrimas
E desce até minha boca.
Sinto o gosto salgado e fresco de cada uma,
Carregada com puro sentimento,
Com a mais puríssima dor.
Miro num instante, num momento de devaneio
Cenas irrealizadas, só idealizadas...
Passo horas a escorregar as mãos e o pensamento pelas cenas,
Sinto cada lugar imaginado, cada hora gasta, as partes do corpo molhada.
Percebo então que é só corpo, carne pútrida e fétida,
Vazia e incrivelmente RASA.
Lhes falta os bons pensamentos, as boas conversas, as boas brincadeiras,
As boas trepadas e lambidas. Além-mar, falta-lhes sobretudo recheio.
Está oco...
Pau duro, corpo quente, mas a alma friamente oca.
Só isso, o oco do mundo está ali. Parado, inerte e imutável.
Raso, raso, rasinho...
Proponho-te então,
Mergulhe em mim,
E faça um nado profundo dentro das minhas vísceras e encontre-se
Sou todo ouvido, carne e gozo.

Chico Carneiro
29/06/2013

19:25 hs

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