ANDARILHO DAS RUAS
Ando por ai de vez em quando
Procurando pelo o que não sei,
Pelo o que não encontrei,
Por aquilo que sempre busco
Incansavelmente...
Eu busco...
E ando, por muitas horas por ai,
Sabe lá deus por onde.
E procuro a mim,
E me perco nas esquinas de mim mesmo
Dobro uma rua, vejo meu rosto desfigurado,
Sem forma,
Sem cor e apenas com dor.
Dor de não saber quem sou,
Onde estou,
Para onde vou,
Dor de voltar pra casa e ver a porta fechada.
Na rua seguinte, a poucos passos,
Me encontro numa calçada
Deitado ao chão
Com pernas estiradas, coração em trapos,
Pernas cansada da caminhada e os olhos marejados de
tristeza.
A dor que me corroi e me deixa ser rua.
Sou então rua, onde todos passam, pisam, e não me notam.
Apenas passam,
Sou cada pedra calçada na urbe da vida,
Sou a chuva que molha a rua,
Sou luz soturna dos postes languidos,
Sou o vento frio que assovia,
Sou a prostitua da esquina com seu cigarro aceso,
Sou o ladrão que assola a meia noite,
Sou o grilo que incomoda,
Sou a chuva que cai,
Sou o bicho que espreita.
Espreito por um olhar de atenção,
Por isso eu vago na rua completamente sem alma,
Só o corpo.
Então chego em casa e a fechadura faz barulho ao abrir,
Abre-se a porta e me sinto incomodamente estranho ao
entrar na minha casa.
Deito na cama e tento refazer meu itinerário
E vejo apenas um caminho:
O da solidão das ruas que caminhei,
Da vida que escolhi,
Dos homens que desejei,
Das mulheres que encontrei
E da incrível estrada que irei percorrer,
Até chegar lá, me resta apenas uma coisa,
Caminhar mais em busca de mim mesmo
E para essa estrada mais longa me resta um poema mais
longo ainda.
PARA CARLOS DIAS
Chico Carneiro.
04/07/2013
23:53 hs
Nenhum comentário:
Postar um comentário