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fotos pessoais, pinturas, obras de arte no geral

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Wellington Carneiro

SEI

Sei que nada vale quando o que queremos nos é tomado com ferocidade; dilacera a alma e decepa o coração.
Amores em vão, canção, canhões, vidas, fulgores.
Sei que nada vale sem que possamos viver com o que faz Arder em brasas nossos corações.
Desejo infindável, colar de fogo que sufoca o espírito da verdade.
Vida louca, insana, vida sem vida, sem cabeça e nem pé.
Isto é mais do que você, é somente você. Isto é você e nada mais.
Eu sei, eu sei, eu sei...
Frenesi, nostalgia, amor de primavera, paixões de verão, sentimentos de inverno, torpidez de outono.
Caem às folhas como lágrimas, almas, corações destroçados.
Eu sei, sou eu, sim, sou eu.
Meu mundo, meu castelo de sonho e poesia, cavalos alados, de corações indomáveis.
Deixe-me ser tudo, para que nada que sinto possa preencher o resto que sobrou de mim.
Eu sei e sinto, vejo o que muitos não ver, sinto na derme, na carne, nos ossos.
Guerra insana, onde meu inimigo sou eu, contra a mim mesmo.
Há quem vença essa guerra?
Eu sei, eu sei, eu sei...

Wellington Carneiro.

Crônicas de Wellington Carneiro

Política surdo-mudo

Assistir um filme seria o mais conveniente naquela tarde enfadonha e quente. Coloquei o filme no aparelho digital e logo comecei a me entreter. Chegaram meus primos que também é uma forma de entretenimento para mim, porém meu interesse naquele dia pelas peripécias que eles me proporcionavam eram miúdas comparada com o marasmo de sábado que me era proporcionado.
A porta abriu rispidamente e um amigo meu fala ofegante: “Vamos para uma festa num sítio.”
Apesar de ser num sítio, lá é onde se encontram os redutos e guetos mais afáveis que um “libertinus” possa busca, são educados dentro de suas possibilidades e extremamente sensíveis e delicados; como diria: Um Luxo!
Nunca havia ido antes ao tal sitio onde iria acontecer a festa, mas de supetão me veio à vontade de confirmar minha ida e arriscar essa aventura campestre e logo disse: Eu vou!
Ao cair da noite, os preparativos estavam todos prontos e agora era esperar o transporte – uma moto – para irmos à aventura.
Chegou a moto e partimos em seguida, a estrada estava péssima e parecia mais estar montado numa britadeira do que em uma motocicleta. Andamos e andamos, até que chegamos à casa da avó do meu amigo, uma vilarejozinho, antes do lugar esperado para a festa. Cheguei coberto de quilos de terra, mas tudo era novo e não sabia em que proporção isso era ruim ou bom, poderia ser pior. Estava com as nádegas tremendo ainda dos solavancos que a tal MotoCross fazia e sentia as minhas pernas formigarem, mas isso era pouco perante a euforia que estava sentido para chegar logo na dita festa.
Entramos na casa da avó do meu amigo, casa comprida de muitas portas, caiadas de cores opacas, de alpendre baixo, cadeira de balanço do lado de fora e um senhor indiferente sentado que respondeu com instintivo aperto de mão ao: “Abença!”, que meu amigo dissera.
Fiquei espantado com a frieza que o senhor fizera com meu amigo. Não falou nada, nem resmungou ou grunhido qualquer que os velhos normalmente fazem. Esperei do lado de fora, no alpendre e logo olhei para aquela figura quase que mumificada e exótica. Vi o braço dele se erguendo lentamente e o olhei com espanto porque pensei que iria me reclamar algo, mas apontou para a cadeira de balanço ao lado dele, sem emitir nenhum som.
Acendi um cigarro e ele me olhou com uma cara que me preocupou na hora, mas logo foi desfeita com um leve sorriso no canto da boca engelhada de rugas e ele mais uma vez ergueu o braço e apontou para um cartaz de política rasgado que havia na parede da casa, então ouvi os primeiros espasmos de som estranhamente emitidos por ele e pensei que deveria esta tirando uma onda de minha cara, mas em segundos captei que não seria uma brincadeira, mas se tratava de um senhor surdo e mudo.
Ele levantou-se com passos firmes e fez uns cinco gestos que foram o suficiente para entender de que se tratava de um ferrenho político e que conseguia transmitir sua mensagem com mais clareza do que certos políticos.
Ainda não tinha captado qual lado partidário ele se retratava, posto que, o cartaz estava rasgado e fiz um aceno de dúvida para saber de qual lado ele estava querendo me falar.
Havia somente dois grupos políticos na minha cidade e ele correu em direção à porta que estava aberta e a fechou e me mostrou o adesivo menor com o numero partidário e ele começou a acenar mais e mais, numa eloqüência que nem mesmo os políticos da minha cidade seriam capazes de tê-la.
O senhor defendeu causas e idéias, salários, educação, pavimentação e até iluminação pública.
Fiquei pasmo com o poder de convencimento daquele político surdo-mudo.
Terminado o comício mais silencioso que já havia visto, joguei a ponta do meu cigarro fora e entrei. Fui comentar com o resto da família do meu amigo o quão grande sabedoria detinha aquele senhor tão singular e de opinião formada e me surpreendi mais uma vez, todos daquela casa política eram surdos e mudos.
Sai da casa e acendi mais um cigarro e fiquei convencido de uma coisa, de que se todos os políticos fossem como a tal família excentricamente política, os comícios deixariam de ser menos barulhentos e com menos erros de português e provavelmente com mais ações feitas pelos políticos, visto que as ações feitas seriam mais perceptíveis do que os falados em palanques gigantescos de artistas pop.

Wellington Carneiro.

Crônicas de Wellington Carneiro

Carência: Doença do novo século
O que mais me impressiona numa paixão é a sua demasiada força de cegar e alienar as pessoas. A força que exerce nos mais fracos, que arrasa e passa por cima de tudo e de todos.
Não compreendo mais como antigamente, quando era constantemente assolado por essa doença que me tornava capaz de atravessar os 7 mares, trazer a lua e mover montanhas quando se tratava de uma apaixonite aguda que infestava meu coração.
As experiências me serviram para alguma coisa e agora permeiam em mim clareza e força para combater tão infecção que pode ser letal e acabei me dedicando a estudar tal praga e encontrar a sua cura, sendo assim, tornei-me um doutor perito em moribundos de apaixonite aguda.
E se quer meus conselhos e dicas de como se contamina e de como identificar os sintomas, fique atento nas próximas linhas:
Se derrepente você estiver num parque de diversão, numa praça, num acampamento, numa festa de aniversário e você encontra alguém interessante e que você acabe ficando com ela no mesmo dia e sem sequer ter coletado nenhum dado sobre tal pessoa você queira se encontrar no dia seguinte e acabam ficando novamente, tome cuidado, você pode estar correndo um serio risco de se contaminar. Mas se você permanece nessa situação e tem um atenuante de carência, amor mal resolvido ou em processo de manutenção, ai você tem que dobrar os cuidados, você esta correndo um serio risco.
Agora se toda essa situação perdurar e houver queda de imunidade tipo: álcool, maconha, depressão ou uma família desestruturada, ai sim, você pode ir fazer um exame, provavelmente estará contaminado.
Os sintomas são taquicardia e ansiedade constante, desatenção total e problemas para ouvir as pessoas, visão turva e desequilíbrio, provavelmente porque esta infecção ataca o labirinto, parte do ouvido que nos dar o senso do equilíbrio. Comichões constantes e excitação sem causa aparente, porém outros sentidos são aguçados e isso pode te dar um alerta como: ouvir o que não foi dito, ver o que não aconteceu, sentir o cheiro da pessoa constantemente e olhos o tempo inteiro marejados, vulgo: olho de peixe morto.
Ate, então, a infecção só atacou parte dos órgãos ainda não se generalizou, porque quando ela se generaliza, as conseqüências são piores e quase irreversíveis, tais como: perca da moral, dos bens matérias e do emprego, marginalização, paganismo e até suicídio.
Recentes estudos feitos por mim, com base no meu doutorado na área e como cobaia utilizei a mim mesmo, comprovei que a cura só se dar de uma única e eficaz maneira: use a matemática, nunca entrem nas letras, elas são o meio mais infeccioso que se possa imaginar e toda vez que for contaminado, some os problemas, multiplique as conseqüências, subtraia a fidelidade (massa de sentimento e de caráter que só se encontra no amor) e divida por um, ou seja, você mesmo.
Pronto, tudo será resolvido, você cai na real. Opa! Desculpe o termo não técnico, você entra em processo de cura. Em menos de 24 horas você está completamente curado e pronto pra enfrentar outra.
É amigo, cuidado, os últimos números da OMS constatam que essa é a pior pandemia do novo século.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Poema de Wellington Carneiro

Arrepio

Quando percebo em mim e toco
E sinto e desejo
Quando vejo em mim e apalpo
E acolho e beijo
É como se um mar derramasse dentro de mim
Transbordando-me o peito, esvaindo-se pelas narinas,
Ouvidos e olhos, boca e toco meu peito.
O arrepio similar a uma vertigem
Ouriçando os pelos que circulam o mamilo.
É como se um fogo alastrasse devastadoramente
Pelas vísceras, queimando meu fígado, meus rins
E a fumaça se elevasse até meus pulmões
E depois eu a soltasse como um gostoso e suave tragar de um cigarro.
É como se toda a areia que existisse no mar, na terra, nos rios, me soterrasse.
Busco uma força ínfima, que fosse um dedo maior que a busca que me propus a fazer.
E quando percebo o sol,
Já batendo com seus raios revitalizadores, liquefazendo tudo
E expurgando como dejetos da alma,
Um novo suspiro me faz pensar que tenho mais um dia
E que tenho que enfrentar tudo, todas essas coisas
E o que me faz desejar ainda tudo é a certeza,
Simplesmente a certeza de que
o sol sempre nascerá no dia seguinte
Wellington Carneiro 18/11/09

Pemas de Wellington Carneiro

Vício

Calado ainda me ponho
Ante teus passos deixados no meu peito.
Tento apagar com a poeira do meu coração,
Com a lágrima de terra seca que cai ainda.
Calado tento apagar as pueris brincadeiras
De rolar no chão e acabar em beijos, afagos...
Do frio desse chão que rolo só agora,
Devagueiam lembranças que apagar ainda tento.
E me apego a esse resto de você.
Seguro com força, com a máxima força;
Abraçando-te, beijando-te, rolando.
E de repente me bate o frio da dor
De abrir os olhos e saber que nada existe.
Você não esta lá e permaneço demasiadamente embriagado,
Dos pensados, beijos dados por ti.
E me embriago mais e mais.
O vício de ti já me corrói como a ferrugem
Como o ilícito das esquinas
E me deleito disso
E não quero deixar

Poemas de Wellington Carneiro

Bate e rebate

Passa o dia, passa a noite
O bate e rebate, insessante sem parar
Bichos, bichas
Cabelos coloridos, cigarros, ladrilhos
Corpos e homens, batida a zunir

Mais um dia... e outro dia...

O bate e rebate, insessante sem parar
Bichos, bichas
Cabelos coloridos, cigarros, ladrilhos
Corpos e homens, batida a zunir

Fim deste dia...
Céu azul, todo mundo sul
Beijo molhado, abraço calado
Afago apertado, soltos sem...
Cabelos coloridos, cigarros, ladrilhos
Corpos e batida a zunir.

Começa meu dia...
Corpo gozado, boca ardendo
De afeto e acalento e assim
Que desejo, está do meu lado
No mesmo travesseiro.

“Bom dia amor.”

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