MÁSCARA BURGUESA
Pensando em chorar, quase
chorei ontem e um por lampejo de tempo me veio à cabeça todos os momentos de
tristezas, adversidades, dificuldades, humilhações que já passei e vi que não
deveria desperdiçar minhas lágrimas sem anota-las em papel branco. Sabia que se
deixasse vazar aquelas gotas ali, na calçada, elas jamais retornariam para
dentro de mim. Então guardei e hoje as deposito aqui, neste papel A4, que em
branco se fez negro, com estas palavras negras, provinda de sentimentos negros,
de humilhações negras, de fingimentos negros.
Sentir-se preterido nos faz
muitas vezes o ego ser afagado docemente, mas quando esse preterimento se faz
de forma inversa queremos saber o porquê de tal distinção, então parando para
pensar, vislumbrei algumas palavras que poderiam ser dito aqui para você
caríssimo desconhecido escolhedor de pessoas.
EU SOU FRANCISCO WELLINGTON
CARNEIRO DE SOUZA, nasci no dia 05 de agosto de 1985, às 17:00 horas de uma
segunda-feira, no hospital maternidade Nossa Senhora de Lourdes. O parto foi
feito pelo conhecido e distinto Dr. Quilon Peixoto. Na primeira infância fui
criado como uma família errante, quase nômade devido à falta de oportunidades
de trabalho para meu pai. Moramos em Juazeiro do Norte, na casa da minha
falecida avó Ana Maria da Conceição e depois disso voltamos novamente para Icó.
Depois mais uma vez fomos embora se retirando desse torrão em busca de
melhoras. Moramos na capital do Brasil por um período e mais uma vez voltamos
para cá, onde estamos até hoje.
Sou filho de Maria de Fátima
Carneiro de Souza, uma mulher incrível e distinta por natureza, analfabeta, mas
que soube me educar exemplarmente, me dando valores que vejo poucas pessoas
utilizando-os. Um desses é não fazer distinção entre pessoas. Meu pai é Antonio
Gonçalves de Souza, homem honesto, integro e honrado. Sempre me disse para
sermos verdadeiros, viver o que queremos e respeitar os mais velhos. Tenho um
irmão mais velho e dois mais novos. Amo a todos imensamente e sei que sou amado
imensamente por eles também.
Fui educado na escola Maria
Irismar Maciel Moreira, fiz até o 4º ano fundamental nesta escola pública. Fui
fazer o Ginasial na Escola publica Ana Viera Pinheiro. Fiz meu ensino médio na
Escola Vivina Monteiro e logo depois entrei na Universidade Estadual do Ceará,
no curso de letras. Formei-me como professor e faço atualmente mestrado em
literatura pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e já estou me
preparando para o doutorado.
Tirem-se os títulos e agora
vejam quem sou eu mais uma vez. SOU FRANCISO WELLINGTON CARNEIRO DE SOUZA, gay
assumido desde os 16 anos e que sempre teve apoio da família que sempre esteve
presente nas minhas decisões e dificuldades. Eu tenho uma família de verdade. E
tu tens? Quem é tua família? É teu carro de luxo ou tua profissão mal fadada
que se tornastes? Quem são teus amigos, a não ser teu sentimento de saber que
não tens ninguém de verdade próximo a ti? Quem é você?
EU SOU EU.
Tenho poucos amigos, mas o pouco
que tenho me vale muito e sei que valho o mesmo para eles. Já enfrentei
maremotos de lágrimas, terremotos de estupidez, vulcões de ira, mas essa é a
primeira vez que enfrento distinção por parte de alguém que não me conhece.
Então mais uma vez, prazer
SOU FRANCISCO WELLINGTON CARNEIRO DE SOUZA, já tive alguns relacionamentos
sérios, mas no momento estou solteiro. Sou uma pessoa honesta, pago minhas
contas e meus impostos. Não tenho dinheiro que me distinga como burguês, na qual
nem mesmo você com toda sua ostentação e magistratura consegue alcançar. Alias,
ser burguês não é um bom titulo, creio que deva saber disso.
Ando com pessoas da mais
infinita diversidade, pois são pessoas. São brancos, pretos, pobres, altos,
baixos, letrados, analfabetos, ricos e pobres. Só não ando com pessoas que nem
talento para ser um falso burguês. Distingo pessoas como companhia através do
caráter e pode ter certeza que se estou ao lado delas é porque lhes sobra
caráter.
Não são os opostos que se atraem.
Isso só funciona na física e olha lá! São os semelhantes que se encontram.
Fizeste bem em me preterir ao avesso. Sou o seu avesso mesmo e deixo aqui
nestas linhas minha aversão a tipos como você.
Agora posso dizer sem
PRE-conceito que te conheço e vi que não é bom.
Então para que a formalidade
e protocolo não sejam quebrados nesta apresentação as avessas deixo meus
sinceros cumprimentos.
FOI UM PRAZER NÃO TER TE
CONHECIDO CARISSIMO FALSO BURGÊS.