Despe-me
Em
que tempo estais
E
em que espaço se escondes?
Burguês
genitor
Deste
monstro comedor
Dos
cueiros das crianças
Dos
vestidos das donzelas
Das
combinações das senhoras
Das
calças dos senhores
Dos
véus das beatas
Da
batina do padre
Estamos
onde não estamos
Tudo
ligado
Desejamos
o que não queremos
Compramos
o que nos mandam
E
viciamo-nos no ópio do moderno
Tira
de mim estas mil faces!
Despe-me
como Liar!
Rasga-me
o véu e expõe-me!
Quebra
meu halo!
Revela
minh’alma!
E
canta para ela
sorria
para ela
Beije-a
Ame-a
Toque-a
Uivam
os ventos da modernidade
Como
lobos famintos no inverno
Sempre
a espera de mais uma presa
Mesmo
que esteja
De
barriga cheia
É
para não perder o hábito
E
para não sucumbir o extinto
De
sair comendo
Quem
aparecer pela frente.
Estamos
todos neste bolo alimentar
Desde
a coisa mais elementar
Ao
superfulo necessário
Mastigando
humanos...
Coisas...
Coisinhas...
Bichos...
Depois
em peristálticos movimentos
Somos
expelidos na terra fértil
Estrumando
os lajedos grandes
Chamado
de mundo.
Merda!
Somos
merda quentinha
Saída
e engolida a todo instante
Como
castigo da gula
Nenhum comentário:
Postar um comentário