Algumas imagens...

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fotos pessoais, pinturas, obras de arte no geral

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Despe-me


Despe-me

Em que tempo estais
E em que espaço se escondes?
Burguês genitor
Deste monstro comedor
Dos cueiros das crianças
Dos vestidos das donzelas
Das combinações das senhoras
Das calças dos senhores
Dos véus das beatas
Da batina do padre

Estamos onde não estamos
Tudo ligado
Desejamos o que não queremos
Compramos o que nos mandam
E viciamo-nos no ópio do moderno

Tira de mim estas mil faces!
Despe-me como Liar!
Rasga-me o véu e expõe-me!
Quebra meu halo!
Revela minh’alma!
E canta para ela
sorria para ela
Beije-a
Ame-a
Toque-a

Uivam os ventos da modernidade
Como lobos famintos no inverno
Sempre a espera de mais uma presa
Mesmo que esteja
De barriga cheia

É para não perder o hábito
E para não sucumbir o extinto
De sair comendo
Quem aparecer pela frente.

Estamos todos neste bolo alimentar
Desde a coisa mais elementar
Ao superfulo necessário

Mastigando humanos...
Coisas...
Coisinhas...
Bichos...
Depois em peristálticos movimentos
Somos expelidos na terra fértil
Estrumando os lajedos grandes
Chamado de mundo.

Merda!
Somos merda quentinha
Saída e engolida a todo instante
Como castigo da gula


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