Algumas imagens...

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fotos pessoais, pinturas, obras de arte no geral

sábado, 18 de janeiro de 2014

Nada consta!

Nada consta!

Não consta no meu coração
Que ele deveria se importar mais, ou simplesmente menos.
Nada consta na minha alma
Que ela não deveria sofrer por isso.
Não consta que a vontade
É inimiga de paciência
E que a prudência
É inimiga do gozo livre.
Se ela, a prudência,
É uma solteirona mal comida
E que vive a reclamar pelos cantos,
O indolente arroubo dos mais jovens
Com seu reinado na barriga
É a peripécia satânica
Pra nos deixar com o corpo tremulo de raiva
Com os olhos marejados.
No entanto,
Confiro-lhes que a inerte sensação de arrependimento
Das merdas que esses mais jovens cometem
É a expiação mais ligeira para se chegar ao inferno da realidade!
Cuida-te!
Não há nada que envelheça mais rápido
Do que uma novidade!

Chico Carneiro
18/01/2014

12:45 hs...

domingo, 20 de outubro de 2013

Ensaio Fotográfico TRUE COLORS

TRUE COLORS
Fotografia: Paulo Victor
Edição: Carlos Dias
Modelos: Chico Carneiro e Carlos Dias



























quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PUTA MONETÁRIA

PUTA MONETÁRIA
 
 
 
Corta-me, asseguro-te...
Dilacera-me, acredites.
São todos assim, vendáveis:
As falas, os discursos, cada palavra é vendável.
O corpo é o mais barato,
O caráter: esse vai a troco pelo escambo desavergonhado.
Uma troca de cus soa mais bela
Do que a troca de elogios mal fadados.
De sorriso miseráveis,
De desejos perniciosos,
De tesões retesados,
Reprimidos...
Engolidos, cuspidos!
Eu sou o que eu sou e não me vendo por pouco.
--- Quanto custa seu corpo?
--- E o teu prazer, quanto devo pagar?
Ignoro todas as putarias mercenárias dos nossos dias.
Brigo pela troca gratuita:
De amor por amor,
De gozo por gozo
E de ser feliz pela felicidade alheia.
 
Sou uma puta do sentimento,
Uma puta das mais baratas.
Pois me dou por um sorriso,
Por um minuto de atenção,
Seja de quem for.
Deixo-me ser puta por um simples afago,
Por um momento de segurança nos braços alheios.
Sou uma rameira por um beijo,
Sou uma meretriz por um peito estufando sua respiração
na minha cabeça declinada sobre ele.
Sou a mais devassa pra sentir pernas roçando as minhas.
Sou puta não monetária,
Sou vadia por gratuidade.
Sou de graça,
Tenho graça em meu ser
Mas não vejo graça nessa troca.
Que banal!
Estou eu assim:
Sem graça, pois me sinto sem ela.
Me cobram uma conduta,
Só respondo uma coisa: sou puta.
Sou puta da noite solitária,
Da família que briga,
Que me chama de canalha.
Que não acredita em mim
Enquanto todos são putas monetárias.
Puta monetárias saiam de suas escaras putrefatas
E deem seus aromas cadavéricos,
Mostrem seus caninos coberto de ouro e prata.
Mas deixem-me ser puta intercambiária!
Intercambio de amor por amor,
Dor pela dor.
 
Minha moeda é outra,
Não se encontra cunhada, nem com cobre
Ou metal qualquer.
Minha alcunha é o sentido da vida, da poesia maldita,
Onde posso ser puta
E não ser banida.
De uma família concupiscente;
Que mostra seus dentes
Cobertos de ouro e prata.
Canalhas!
Escutem o que eu digo:
Canalhas!
 
Chico Carneiro
17/108/2013
13:05 hs...
 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

ENSINAMENTOS DE UM PROFESSOR...

ENSINAMENTOS DE UM PROFESSOR...
 
 
 
Ensinar pra que?
 
Se o mundo está cheio de professores,
Televisores, computadores, estupradores,
Fodedores, telespectadores, consumidores,
Traidores, usurpadores e poetas!
 
Os miseráveis que caminham para a didática do conhecimento,
Não recebem o devido merecimento,
Porque há muito professores.
 
Não há professores de verdade,
Há fodedores de cérebros ganhando o nosso dinheiro.
Há escarnecedores dos verdadeiros professores.
Quem são os verdadeiros professores?
 
Eu sou professor porque sei ensinar e acima de tudo aprender!
Não a matemática ou português,
Mas sei ensinar a pensar,
A gritar quando preciso for,
A lutar contra o opressor,
A brigar pela voz
E quebrar o silêncio da ignorância.
 
Sou professor não porque me pagam,
Sou professor porque sou aprendiz,
Porque não desejo o ser subalterno,
Porque não me subalternizo,
E nem permito que subalternizem a ninguém.
 
Gritem aos quatro ventos porque estou sem função,
Porque sou professor e já existem muitos professores.
 
Desliguem suas TV’s, seus computadores, seus celulares,
Suas câmeras, seus carros.
Cancelem seus cartões de créditos, sua revista semanal.
Amassem o jornal!
 
Quando a máquina parar
O homem acorda!
E quando acordar só lhe restará o homem! Puro e simples!
Sairão das tumbas os velhos mestres com palmatórias nas mãos,
Gritando a tabuada de multiplicar,
Conjugando pautas gigantes de verbos,
Perguntando sobre as capitais,
Ensinando-nos bons modos,
E ensinando-nos a sermos menos máquina
E ser mais gente!
Acordai depravados letárgicos dos nossos tempos,
Só há um caminho!
 
Chico Carneiro
15/10/2013
12:12 hs...
 

 

 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

NUMA MESA DE BAR

NUMA MESA DE BAR
 
 
 
Eu morri pela primeira vez quando o vi.
Morri assim, bem mortinho...
Meus olhos caíram na imensidão que é era o jeito dele.
A face ebriamente encantadora.
Morri de tanto olhar,
Pois não cansava de admirá-lo
Passei anos de fome porque não conseguia comer,
Passei meses de cede porque não conseguia beber,
Congelado.
Olhando fixamente como se estivesse a contemplar a própria face de deus.
Depois, morri pela segunda vez quando ousei toca-lo.
E deixar ser tocado por ele.
Morri porque não aguentei seus abraços elétricos.
Noviço.
Rebelde.
Cai durinho ao chão por não ter dado espaço a mim mesmo.
Não via outros braços senão os dele.
Estava que nem burro com viseira.
Só enxergava o que estava a minha frente: ele.
Na terceira vez, eu mesmo desferi um punhal no peito,
A moda Julieta e Romeu!
Cai na triste e feliz realidade das coisas.
Percebi seu rosto disforme,
Suas pernas tortas,
Seu jeito infantil
E a minha burrice em escolher homens.
Vi a mim mesmo,
Do alto como se estivesse a flutuar sobre a minha vida.
Vi-me lá, estirado ao chão feito um trapo de gente.
Já não era eu.
Eu era a sombra dele, os desejos, as ordens.
Eu me perdi dentro daquela imensidão da primeira morte.
Em mim só restou a casca de um homem velho,
Murcho e sem cor.
Foi quando encontrei a ultima vaga lembrança de mim mesmo:
Me vi na primeira vez que contemplei o rosto dele
Eu sentado na mesa do bar.
Fumando um cigarro.
Acordei do sonho nessa hora:
Daí eu decidi ressuscitar.
Levantai na terceira batida do tambor.
Baixei no terreiro e dancei como um bandoleiro.
Aprendi a amar como um malandro.
E a ergue a taça friamente e calcular o tamanho da dor de amá-lo.
Despertei do devaneio e voltei a encher a taça
E a beber loucamente.
No outro dia me restou apenas a ressaca:
Uma dor de cabeça forte,
Golfos de vômito
E uma repulsa invejável de amar daquele jeito!
Chico Carneio
01/10/2013
18:15 hs

PESSOAS QUE SÃO PESSOAS


PESSOAS QUE SÃO PESSOAS

 

Por que não dizer é mais fácil?
Por que ser outra pessoa ao invés de mim mesmo é mais cômodo?
Tantos “ser e não ser” em meio ao turbilhão de possibilidades,
Acontecimentos, pessoas.
Ah! As pessoas.
São as pessoas que mostram uma parte que sempre gosto de observar:
O quanto elas não querem ser gente!
Não sou preto,
Não sou pobre,
Não sou feio,
Não sou burro.
Que desinteressantes são as pessoas que não fingem serem pessoas.
As pessoas que são pessoas nos apregoam muita verdade
E as verdades são chatas, incômodas, perturbadoras.
As verdadeiras pessoas cutucam as nossas costelas com verdades que assombram, e fazem com que nos afastem delas.
Nós precisamos da utopia, do devaneio, da mentira.
Ah! A mentira!
Que doce é ver as pessoas mentindo acerca das pessoas que elas são,
Ou melhor, dizem ser...
Sou muito sincero: dizem alguns.
Falo tudo o que sinto: quanta babaquice é essa afirmativa.
NINGUEM FALA TUDO O QUE SENTE!
E quem se arrisca a dizer tudo o que sente, se arrisca a viver no mais profundo abismo.
Na solidão, no isolamento.
Pessoas sempre fingem ser outras pessoas.
Assim, você se dá melhor na vida,
No casamento,
Nas trepadas, no trabalho, na culinária, nas rodas de conversa,
Nas religiões e nas mesas de bares.
As pessoas nunca são pessoas,
Por isso escrevo, porque ao menos aqui posso ser eu,
Sem precisar ser compreendido, sem precisar ser outra pessoa,
Além de mim mesmo.
E como é chato ser eu mesmo,
Pois é estranho ser eu mesmo,
É frio, solitário, deprimente e cinza.
Ser eu mesmo é um tédio.
Das poucas vezes que ousei ser eu mesmo fora daqui,
Todos me rejeitaram, me cuspiram na cara, me amaldiçoaram,
Me escarneceram, me tiraram o couro pelas costa.
Por isso de vez por outra, gosto de brincar de fingir
E rir da cara das pessoas que fingem ser pessoas.
Fico lá, amontoado com elas nas mesas de bares, nas rodas de amigos,
Dizendo que sou isso e aquilo.
Enquanto dou risadas estrondosamente espalhafatosas por dentro,
As vezes tenho a sensação de que irei explodir de tanto rir silenciosamente.
Rio das pessoas que conta vantagens monetárias, enquanto suas almas são pobres.
Rio das pessoas que maquilam suas caras de vadias
E quando se lava o rosto mostram suas noitadas fudidades e depravadas.
Adoro ver os meus amigos varonis disfarçando seus paus intumescidos ao ver
Um rapazote que lhe desperta o mais promiscuo desejo.
Adoro vê-lo frustrados ao perceber que não são as moçoilas que lhes balançam os tornozelos.
Adoro ver a cara deles de desespero ao perceber que não conseguem fingir sempre o que sentem.
Adoro ver meus amigos sendo apenas pessoas enquanto rio descaradamente deles.
Daí, vão-me colocando na difícil tarefa de me esconder pra ver se sou um pouco mais feliz.
As pessoas que são pessoas, apenas, são mais felizes.
Pois delas não se deve esperar mais do que ser elas mesmas.
Quanto a mim, a cobrança é dobrada.
Se fugir do que eu disse, nem sou mais eu mesmo e nem uma mera pessoa.
Sou um estranho dentro de mim mesmo,
Um estranho que causa medo, pavor.
Sempre me policio quanto a isso, pois detesto me perceber
E ver que é a estranheza que me fez ser assim:
Nem pessoa e nem eu mesmo.
Fiquei no meio do caminho,
Por isso incomodo, tomo partido, bulo com todo mundo.
Cutuco a ferida braba,
Mexo com o ego,
Mexo com a lerdeza dessas pessoas.
Ai como é bom vê o olhar delas ao perceber que estou prestes a abrir a boca
E despejar um vespeiro cheio de verdades-mentiras!
Eu sou estranhamente o ferrão soturno
Que anda solto pelas ruas atrás de pessoas que fingem ser pessoas.
Quanto a mim mesmo, de verdade,
Ainda estou na busca de encontrar outro alguém como eu
Que faça a mesma tarefa comigo.
 
Chico Carneiro
01/10/2013
12:55hs

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