PUTA
MONETÁRIA
Corta-me,
asseguro-te...
Dilacera-me,
acredites.
São
todos assim, vendáveis:
As
falas, os discursos, cada palavra é vendável.
O corpo
é o mais barato,
O caráter:
esse vai a troco pelo escambo desavergonhado.
Uma
troca de cus soa mais bela
Do que
a troca de elogios mal fadados.
De
sorriso miseráveis,
De desejos
perniciosos,
De tesões
retesados,
Reprimidos...
Engolidos,
cuspidos!
Eu sou
o que eu sou e não me vendo por pouco.
--- Quanto
custa seu corpo?
--- E o
teu prazer, quanto devo pagar?
Ignoro
todas as putarias mercenárias dos nossos dias.
Brigo
pela troca gratuita:
De amor
por amor,
De gozo
por gozo
E de
ser feliz pela felicidade alheia.
Sou uma
puta do sentimento,
Uma puta
das mais baratas.
Pois me
dou por um sorriso,
Por um
minuto de atenção,
Seja de
quem for.
Deixo-me
ser puta por um simples afago,
Por um
momento de segurança nos braços alheios.
Sou uma
rameira por um beijo,
Sou uma
meretriz por um peito estufando sua respiração
na
minha cabeça declinada sobre ele.
Sou a
mais devassa pra sentir pernas roçando as minhas.
Sou
puta não monetária,
Sou vadia
por gratuidade.
Sou de
graça,
Tenho graça
em meu ser
Mas não
vejo graça nessa troca.
Que
banal!
Estou
eu assim:
Sem
graça, pois me sinto sem ela.
Me
cobram uma conduta,
Só respondo
uma coisa: sou puta.
Sou
puta da noite solitária,
Da família
que briga,
Que me
chama de canalha.
Que não
acredita em mim
Enquanto
todos são putas monetárias.
Puta monetárias
saiam de suas escaras putrefatas
E deem
seus aromas cadavéricos,
Mostrem
seus caninos coberto de ouro e prata.
Mas deixem-me
ser puta intercambiária!
Intercambio
de amor por amor,
Dor
pela dor.
Minha
moeda é outra,
Não se
encontra cunhada, nem com cobre
Ou metal
qualquer.
Minha
alcunha é o sentido da vida, da poesia maldita,
Onde posso
ser puta
E não
ser banida.
De uma família
concupiscente;
Que mostra
seus dentes
Cobertos
de ouro e prata.
Canalhas!
Escutem
o que eu digo:
Canalhas!
Chico
Carneiro
17/108/2013
13:05
hs...
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