LIÇÃO DO MATUTO
Havia um cachorro na porta
Deitado com o rabo a abanar.
Longe avistou um homem
Branquinho...
De cabelo bonzinho...
Muito brilhosinho...
Que bateu na minha portinha...
Cheio de palavrinhas...
Lião não gostou das palavrinhas...
Cheias de entrelinhas...
Querendo que as mininhas...
Por um corte de chita
Botasse a palavra dita
Como verdade escrita.
Au, au, au... Olhe dentro do embornal!
Sou matuto, não sou besta.
Tenho esperteza na moleira
Não deixo que me carimbe
Com o selo da besta.
Besteira...
Besteirada...
Besteirol...
Homem besta
É aquele que pensa
Que o homem simples não tem consciência.
Não preciso de voz
Nem de representação.
Preciso que me respeite
Escute minha voz
Minha palavra...
Minha cabeça...
Meus calos...
Minha pele queimada...
Meus pés rachados...
Minha boca sem dentes...
Meu cabelo falho...
Minhas costelas amostra...
Falado isso
No pé do ouvido
O cabra branquinho...
De cabelo lisinho...
Todo cheirosinho...
Saiu igual à lião
Quando leva uma reclamação.
COM O RABO ENTRE AS PERNAS.
Francisco Wellington Carneiro de Souza