SEM NOME

Tudo começa simples, baixinho, sem esperar.

De repente não se ouve mais, nem a mim, nem ao outro.

Gritamos... Berramos... Acusamos-nos...

Tenho medo, tenho raiva, tenho rancor, tenho ódio.

Quanto ódio, quanta raiva.

Minha defesa, minha única arma. Tenho ódio.

Dedos giram no ar com a máxima e absoluta razão de cada ser correto

Defendendo suas ideias corretas, na sua maneira correta de coloca-las.

Os rostos se contorcem numa sequencia de gestos, bocas alargadas, caninos a amostra.

Fui deixado pra traz e algo me fala pra continuar.

Feriram-me, profundamente...

Algo se quebrou...

Uma porta se fechou...

Não tem como concertar.

Não há como abri-la novamente.

Eu a quero fechada.

E assim permanecerá.

Estou indo embora...

E vou voltar...

Estou indo embora...

Na melhor hora...

Sem demora...

Por essa porta...

Sem horas...

Mil horas...

Mil lágrimas...

Mil arrependimentos...

Outras alternativas...

Nenhuma alternativa...

Minha estrada...

Meu caminho...

Só...

Sozinho...

Escuro...

Sono...

Adormeço...