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terça-feira, 1 de outubro de 2013

PESSOAS QUE SÃO PESSOAS


PESSOAS QUE SÃO PESSOAS

 

Por que não dizer é mais fácil?
Por que ser outra pessoa ao invés de mim mesmo é mais cômodo?
Tantos “ser e não ser” em meio ao turbilhão de possibilidades,
Acontecimentos, pessoas.
Ah! As pessoas.
São as pessoas que mostram uma parte que sempre gosto de observar:
O quanto elas não querem ser gente!
Não sou preto,
Não sou pobre,
Não sou feio,
Não sou burro.
Que desinteressantes são as pessoas que não fingem serem pessoas.
As pessoas que são pessoas nos apregoam muita verdade
E as verdades são chatas, incômodas, perturbadoras.
As verdadeiras pessoas cutucam as nossas costelas com verdades que assombram, e fazem com que nos afastem delas.
Nós precisamos da utopia, do devaneio, da mentira.
Ah! A mentira!
Que doce é ver as pessoas mentindo acerca das pessoas que elas são,
Ou melhor, dizem ser...
Sou muito sincero: dizem alguns.
Falo tudo o que sinto: quanta babaquice é essa afirmativa.
NINGUEM FALA TUDO O QUE SENTE!
E quem se arrisca a dizer tudo o que sente, se arrisca a viver no mais profundo abismo.
Na solidão, no isolamento.
Pessoas sempre fingem ser outras pessoas.
Assim, você se dá melhor na vida,
No casamento,
Nas trepadas, no trabalho, na culinária, nas rodas de conversa,
Nas religiões e nas mesas de bares.
As pessoas nunca são pessoas,
Por isso escrevo, porque ao menos aqui posso ser eu,
Sem precisar ser compreendido, sem precisar ser outra pessoa,
Além de mim mesmo.
E como é chato ser eu mesmo,
Pois é estranho ser eu mesmo,
É frio, solitário, deprimente e cinza.
Ser eu mesmo é um tédio.
Das poucas vezes que ousei ser eu mesmo fora daqui,
Todos me rejeitaram, me cuspiram na cara, me amaldiçoaram,
Me escarneceram, me tiraram o couro pelas costa.
Por isso de vez por outra, gosto de brincar de fingir
E rir da cara das pessoas que fingem ser pessoas.
Fico lá, amontoado com elas nas mesas de bares, nas rodas de amigos,
Dizendo que sou isso e aquilo.
Enquanto dou risadas estrondosamente espalhafatosas por dentro,
As vezes tenho a sensação de que irei explodir de tanto rir silenciosamente.
Rio das pessoas que conta vantagens monetárias, enquanto suas almas são pobres.
Rio das pessoas que maquilam suas caras de vadias
E quando se lava o rosto mostram suas noitadas fudidades e depravadas.
Adoro ver os meus amigos varonis disfarçando seus paus intumescidos ao ver
Um rapazote que lhe desperta o mais promiscuo desejo.
Adoro vê-lo frustrados ao perceber que não são as moçoilas que lhes balançam os tornozelos.
Adoro ver a cara deles de desespero ao perceber que não conseguem fingir sempre o que sentem.
Adoro ver meus amigos sendo apenas pessoas enquanto rio descaradamente deles.
Daí, vão-me colocando na difícil tarefa de me esconder pra ver se sou um pouco mais feliz.
As pessoas que são pessoas, apenas, são mais felizes.
Pois delas não se deve esperar mais do que ser elas mesmas.
Quanto a mim, a cobrança é dobrada.
Se fugir do que eu disse, nem sou mais eu mesmo e nem uma mera pessoa.
Sou um estranho dentro de mim mesmo,
Um estranho que causa medo, pavor.
Sempre me policio quanto a isso, pois detesto me perceber
E ver que é a estranheza que me fez ser assim:
Nem pessoa e nem eu mesmo.
Fiquei no meio do caminho,
Por isso incomodo, tomo partido, bulo com todo mundo.
Cutuco a ferida braba,
Mexo com o ego,
Mexo com a lerdeza dessas pessoas.
Ai como é bom vê o olhar delas ao perceber que estou prestes a abrir a boca
E despejar um vespeiro cheio de verdades-mentiras!
Eu sou estranhamente o ferrão soturno
Que anda solto pelas ruas atrás de pessoas que fingem ser pessoas.
Quanto a mim mesmo, de verdade,
Ainda estou na busca de encontrar outro alguém como eu
Que faça a mesma tarefa comigo.
 
Chico Carneiro
01/10/2013
12:55hs

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