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terça-feira, 27 de agosto de 2013

CHÁ DAS CINCO COM COGUMELOS


CHÁ DAS CINCO COM COGUMELOS
 
Pratimba e Queroba viviam no sertão sozinho. Eram irmãos e haviam perdido os pais ainda muito novinhos.
 
 
 
Pratimba era o irmão mais velho.
 
 
Era sagaz, imperativo, mandava em tudo, mas tinha um coração mole, ainda mais quando tomava seu chá das cinco. Aliás, um rito quase que sagrado que havia adquirido dos avós paternos que eram ingleses.
 
Os avós vieram parar aqui no sertão por engano, pois embargaram para um safári em direção da África, então os ventos fortes do atlântico empurram o barco a vela em direção ao Brasil. Acharam o sol daqui lindo e votivo como as velas de natal e decidiram ficar por aqui mesmo.
Já Queroba, o mais novo, era malino, menino ruim, mas doce como mel de jandiá.
 
 
 
Trazia o instinto curioso do avô, mas a loucura da avó era mais latente em sua personalidade.
 


Adorava experimentar tudo.


 
Comia flores, raízes, tubérculos e toda espécie de flora
 
 
para saber o efeito que causaria no seu corpo. 
 
 
Pratimba lavava roupas para sustentar a casa,
 

 
enquanto Queroba vagabundava pelas matas da caatinga atrás de lombras gordas.
 
 
A única tarefa que ele desempenhava na casa era de fazer o famoso chá de Pratimba,
 
 
 
 já que ele gostava tanto de ervas, ficou com ele a tarefa de encontrar a melhor efusão


para agradar seu irmão lavador de roupas.
 

 
Numa tarde calorenta e preguiçosa, Pratimba com seu mau humor grita:
 
--- Queroba, filho das grandes viagens,
 




cadê meu chá.
 
 
 Estou cansado de tanto lavar roupas e quero um chá! Um chá bom, bem docinho e que me deixe relaxado.

 
--- Já vai Pratimba...

 
 



O menino apressou-se em procurar ervas no monturo de seu casebre para fazer a alquimia relaxante.

 
--- Hum! Deixe-me ver... Eca!
 
 
--- O que foi irmão lavador de roupas?


 
--- O chá está sem doce. Disse que queria ele docinho!


 
 
--- Mas ele está docinho. Tome mais, o açúcar está no fundo do bule.
 
--- Não quero mais! Sai daqui seu peste! Bexiga lixa, bexiga taboca, estupor sabugo, gota serena, espírito de alicate, besta fera!

 
--- Calma, veja o que eu achei. Um doce bem docinho!

 
--- Pois coloque no meu chá agora!

 
 Ambos experimentaram do doce chá de frieiras azuis que Queroba havia encontrado no batente da porta da cozinha
 



Beberam todo o chá.
 
Primeiro Pratimba se torna um guerreiro africano e decide cantas pontos de macumba invocando todos os caboclos da aldeia com o intuito de trazer de volta os seus pais.
 
 



Já Queroba, fica nervoso e se ver aprisionado num portal onde toda a dor do universo pertencia a ele. Somente a ele.




Queroba fala dessas dores para Pratimba e os dois decidem se jogar num abismo imaginado por eles.


 
Eles caem por um longo período de tempo...
Primeiro Queroba acorda e pensa está morto. Bate na cara do irmão e pede para os caboclos invocados pelo irmão que o acorde.
 
 
Ele olha nos olhos do irmão e diz que nunca mais irá lavar roupas. Apenas irá tomar chá e viajar como seus avós um dia fizeram
 
 
Pratimba sedento de novas viagens, toma o resto do chá do bule e levar seu querido irmão para fazer atividade que ele mais gostava. Sair comendo mato para ver a lombra que iria causa.
Assim, foram felizes para sempre tomando sempre o chá pontualmente as cinco horas em algum portal do tempo.
Fim
 
 
 
 
 
 
 

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